quarta-feira, 5 de março de 2008

O início do Percurso


Custou-me entrar no Mundo Físico. Nasci com mais de dez meses. Talvez porque já não seria uma alma nova. Mas no Hospital de Évora, onde nasci, a minha chegada foi o culminar de seis meses, de repouso absoluto para a minha querida mãe e o nascimento de uma criança muito desejada. Os meus pais esperaram por mim quase dez anos... E depois quase dez meses. Mas não foi o número dez que me acompanhou até hoje. Na verdade, a minha vida tem-se feito e refeito em círculos de mais ou menos sete anos. O que parece estar de acordo com as previsões espirituais. E Évora tem sido também a cidade da maior parte dos meus nascimentos e renascimentos. Da entrada de novos e fantásticos seres na minha vida, mas também da morte de alguns que acompanharam o meu caminho. Em Évora já nasci, já vivi, já amei, já estudei, já aprendi muito, já me desfiz de riso e já chorei muitas lágrimas.

A minha infância, passada em Estremoz, foi fantástica. Até aos sete anos de idade brinquei na rua, alimentei-me dos lanches e do carinho da minha avó Laura, sabia que as estrelas eram as pontas das varinhas de condão, de fadas que habitavam os céus (informação criteriosamente recolhida e transmitida pelo meu pai) e ansiava pela sexta feira, porque os fins de semana eram passados na quinta da minha família.

Não sei precisar o momento, mas terá sido por volta de sempre que o meu tio Bernardo começou a revelar a minha alma.

Os fins de semana passados na Maia foram os tempos de maior liberdade de que tenho memória. E foram também os momentos em que aprendi a estar só, sem nunca me sentir sozinha. Precisava da solidão do campo, da busca em correria pelas pedras altas do monte, pelo desbravar de criança das estevas e silvas. Sempre precisei disto. Desde sempre me conheço assim. Desde sempre. Lembro-me de ouvir o som da voz da minha mãe a chamar por mim, quando o sol se começava a pôr e eu ainda não tinha descido dos montes.

Depois eram as brincadeiras com os animais: os pintaínhos, os pequenos borregos, os gatos, os cães, os coelhos que ainda mamavam e os que já comiam erva. De tudo.

Fui uma privilegiada.

Convido-vos a mostrarem um pouco de vós. Convido-vos a que nos conheçamos melhor. Através das palavras. Porque quando escrevemos também meditamos. E gostava de fazer deste sítio o livro da minha e vossas vidas, porque já fazem parte dela (queiram ou não)!!!

1 comentário:

  1. O meu nome é Carla. Também nasci em Évora, mas há 33 anos atrás. A grande diferença é que sempre vivi na cidade.

    Passava em Estremoz as férias do Carnaval, da Páscoa, e a maior parte do Verão, e vinha vários fins de semana ao longo do ano. A vida no Alentejo sempre fez parte de mim.

    Agarrada a um trabalho que não me trazia realização pessoal, que me prendia nos horários dito normais, num escritório de luz artificial, ganhei, faz quase 3 anos, a minha liberdade!

    Liberdade que se traduz de me desprender daquilo que não me satisfazia, e ir à procura do que me dá prazer. E é isso que agora faço :)

    Não sendo fácil estarmos por nossa conta e risco, ao mesmo tempo torna-se fácil porque o entusiasmo para continuarmos em frente é grande.

    Neste momento, pertenço a vários lados e a lado nenhum. Por enquanto, gosto assim. No futuro logo se vê. O bom da vida é irmo-nos adaptando aos nossos gostos e vontades :)

    Conheci a Cristina num workshop de Yôga em Evoramonte. Ficamos a saber que as nossas mães tinham sido grandes amigas quando mais jovens. Coincidência ou não, este (re)encontro soube bem :)

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