sábado, 29 de março de 2008

Sobre el error ..

Sobre el error ..

'... El error más grande lo cometes cuando, por temor a equivocarte, te equivocas dejando de arriesgar en el viaje hacia tus objetivos.

No se equivoca el río cuando, al encontrar una montaña en su camino, retrocede para seguir avanzando hacia el mar; se equivoca el agua que por temor a equivocarse, se estanca y se pudre en la laguna.

No se equivoca la semilla cuando muere en el surco para hacerse planta; se equivoca la que por no morir bajo la tierra, renuncia a la vida.

No se equivoca el hombre que ensaya distintos caminos para alcanzar sus metas, se equivoca aquel que por temor a equivocarse no acciona.

No se equivoca el pájaro que ensayando el primer vuelo cae al suelo, se equivoca aquel que por temor a caerse renuncia a volar permaneciendo en el nido.

Se equivocan aquellos que no aceptan que ser hombre es buscarse a sí mismo cada día, sin encontrarse nunca plenamente. Creo que al final del camino no te premiarán por lo que encuentres, sino por aquello que hayas buscado honestamente... '


Graciela E. Prepelitchi

quinta-feira, 20 de março de 2008

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A minha avó Laura teve seis filhos. A minha mãe é a mais nova de uma prole de dois rapazes e quatro raparigas. A segunda filha mais nova, faleceu quando tinha dias. Nada sei sobre ela, nem qual a lição que a sua morte prematura, terá trazido aos meus avós. Só eles saberão. E se o entenderam nunca o partilharam com ninguém.

A relação que estabeleci com a minha avó Laura, foi, a de todos os meus avós, a que mais me marcou. Foi tão forte e intensa, que só a comparo à que empreendi com os meus pais. Por isso, o dia da sua morte, foi o mais triste da minha vida. No entanto, esse dia, foi também o início de uma série de mudanças, que me modificaram, para sempre. Foi o início de uma caminhada interior. E a partir deste dia, a vida como a conheci antes, nunca mais foi igual.

A minha avó é uma alma antiga. Quando partiu, possivelmente viveu das últimas, senão a sua última vida.

Durante a doença da minha avó, vivi um grande período de cepticismo. Não teve a ver com a doença dela. Não sei bem como surgiu. Penso que muitas vezes, as relações que estabelecemos com determinadas pessoas, em dada altura das nossa vidas, podem criar estes períodos.

Penso que me fechei a mim própria. Bloqueei. E durante sete longos anos fui uma pessoa extremamente infeliz. Fui emocionalmente submissa. Extremamente dependente do afecto dos outros, da aceitação dos outros e nunca da minha própria aceitação.

Este longo período fez de mim uma pessoa triste, pessimista e depressiva.

A partir de um determinado momento da sua doença, a minha avó entrou numa espécie de coma. Nunca mais falou comigo, nunca mais sorriu e não sei se reconhecia as pessoas que a visitavam. Ficou ali, num mundo diferente, onde já não havia comunicação.

Visitei-a todos os dias à mesma hora, durante cerca de um ano. Nessa altura, deixei também a casa onde morava em Évora e passei a ir e vir todos os dias. Para a poder ver. E porque me sentia muito desamparada.

Então, no dia em que a minha avó partiu, foi como se tivesse esperado por mim para o fazer. Esperou pela hora da minha visita. E se calhar também esperou que estivesse sozinha. Porque morreu comigo.

Naquele momento, a minha avó para sempre, que há um ano vivia num mundo só dela, abriu os olhos. Olhou para mim e sorriu. Senti a despedida. Sentia-a por todos os poros. Depois desviou o olhar e olhando no vazio, sorriu outra vez. E iniciou a sua viagem.

Nunca tinha presenciado a morte humana. E sem dúvida, que aquele momento, tatuou em mim uma imagem, que ainda hoje não consigo apagar, mas que entendo agora, de forma muito diferente.

Agradeço-lhe agora por se ter despedido de mim. Agradeço-lhe por ter esperado. E agradeço-lhe por me ter despertado de um sono longo e apagado e me ter indicado o caminho.

sexta-feira, 14 de março de 2008

O poder da cura... e o meu avô Carlos


Aqueles dias de totalidade. A manifesta sensação de que tudo estava no seu sítio. Tudo fazia sentido. Tudo irradiava harmonia. Aqueles dias, foram dias de muita paz.

Todos os dias medito e praticamente todos os dias, transformo alguns momentos da minha vida, naquela íntima sensação de saber quem sou. A harmonia daqueles dias, volta nestes momentos. E por isso sei, que esta é a minha verdadeira essência: a criança que corre livre, pelo meio das árvores; a criança que não impõe limites, nem medos, nem condiciona, nem se deixa ser condicionada.

Por esta altura, todos aqueles que já partiram faziam também parte do meu mundo. O meu avô Carlos, a minha avó Laura, a minha tia Fortunata, o meu tio Zé Vieira e o meu avô Upa Upa.

Falo deles, porque não quero esquecê-los. Falo deles, porque me ensinaram, cada um à sua maneira, a procurar entender a vida.

O meu avô Carlos foi o primeiro a fazer a passagem. Irmão do meu tio Bernado e a personificação do típico homem da família da parte do meu pai. Um homem simples, um homem da Terra. Vivia da agricultura. Plantava, colhia e vendia. Um homem para quem tudo chegava.

As lembranças que tenho deste meu avô, são vizualizações de paz. E penso que foi com ele que solidifiquei a necessidade de solidão. Porque a solidão é boa, quando não nos sentimos sós. A solidão é boa, quando funciona como a possibilidade de estamos dentro de nós. Sem mais nada. Só estar e aproveitar.

O meu avô Carlos foi a pessoa mais desapegada que conheci. Para ele não havia tempo e espaço. Não existiam bens materiais, não existia rotina. Era dono dos seus dias. E por isso não era um homem preocupado. Não me lembro de que alguma vez tenha ficado doente, à excepção dos tempos que antecederam a sua morte. Morreu porque fumava. Ou então morreu porque terminara a sua missão na terra. E o fim de todos nós tem que vir sempre mascarado com algum ou muito sofrimento.

O pai do meu pai, fez-me perceber que os melhores remédios não tem nomes complicados, nem efeitos colaterais. O meu avô Carlos, ainda hoje me faz entender, que a vida "não é nem deve ser, como um castigo que terás que viver..." (como disse também António variações). A despreocupação, o não condicionamento, a não competição social, o sol, a água, o ar puro e energético, o exercício, o descanso, a vida equilibrada e tranquila, a confiança em nós mesmos e no ser Divino que existe em nós, são a maior e melhor cura, a que algum dia poderemos aspirar.

E por isso lhe agradeço. Ao meu avô Carlos, que à sua maneira, despertou a minha chama interior de auto-conhecimento e cura interior...

segunda-feira, 10 de março de 2008

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Em retrospectiva, o yoga entrou na minha vida por volta dos meus sete anos de idade. Não com a prática de ásanas, mas com o início da contemplação. O olhar sem julgo, sem expectativas. O olhar dirigido para o ribeiro. A atenção dirigida no nada da água que escorre, cristalina, por entre os xistos. Ou então, o olhar na linha do horizonte e na comunhão com a imensidão de perceber que era imensamente pequena, frágil e parte do Universo. Penso que mesmo sem saber, terá sido esta a altura, em que comecei a meditar...

Enquanto passeava e brincava pelos montes aprendi também que a energia, no seu estado mais puro, se encontrava ali: no meio da Natureza. Ali respirava-se. Naquele local, que ainda hoje é para mim o lugar onde sei que encontro paz. Foram aqueles os meus momentos iniciáticos, durante os quais, aprendi a amar os elementais da Natureza. Comecei a perceber, que a Natureza, possui o maior dom de todos: o poder da cura e da regeneração.

quarta-feira, 5 de março de 2008

O início do Percurso


Custou-me entrar no Mundo Físico. Nasci com mais de dez meses. Talvez porque já não seria uma alma nova. Mas no Hospital de Évora, onde nasci, a minha chegada foi o culminar de seis meses, de repouso absoluto para a minha querida mãe e o nascimento de uma criança muito desejada. Os meus pais esperaram por mim quase dez anos... E depois quase dez meses. Mas não foi o número dez que me acompanhou até hoje. Na verdade, a minha vida tem-se feito e refeito em círculos de mais ou menos sete anos. O que parece estar de acordo com as previsões espirituais. E Évora tem sido também a cidade da maior parte dos meus nascimentos e renascimentos. Da entrada de novos e fantásticos seres na minha vida, mas também da morte de alguns que acompanharam o meu caminho. Em Évora já nasci, já vivi, já amei, já estudei, já aprendi muito, já me desfiz de riso e já chorei muitas lágrimas.

A minha infância, passada em Estremoz, foi fantástica. Até aos sete anos de idade brinquei na rua, alimentei-me dos lanches e do carinho da minha avó Laura, sabia que as estrelas eram as pontas das varinhas de condão, de fadas que habitavam os céus (informação criteriosamente recolhida e transmitida pelo meu pai) e ansiava pela sexta feira, porque os fins de semana eram passados na quinta da minha família.

Não sei precisar o momento, mas terá sido por volta de sempre que o meu tio Bernardo começou a revelar a minha alma.

Os fins de semana passados na Maia foram os tempos de maior liberdade de que tenho memória. E foram também os momentos em que aprendi a estar só, sem nunca me sentir sozinha. Precisava da solidão do campo, da busca em correria pelas pedras altas do monte, pelo desbravar de criança das estevas e silvas. Sempre precisei disto. Desde sempre me conheço assim. Desde sempre. Lembro-me de ouvir o som da voz da minha mãe a chamar por mim, quando o sol se começava a pôr e eu ainda não tinha descido dos montes.

Depois eram as brincadeiras com os animais: os pintaínhos, os pequenos borregos, os gatos, os cães, os coelhos que ainda mamavam e os que já comiam erva. De tudo.

Fui uma privilegiada.

Convido-vos a mostrarem um pouco de vós. Convido-vos a que nos conheçamos melhor. Através das palavras. Porque quando escrevemos também meditamos. E gostava de fazer deste sítio o livro da minha e vossas vidas, porque já fazem parte dela (queiram ou não)!!!